Quais são meus direitos?
O que me dá respeito
vai sugar seus seios
e já não posso dizer
mais nada ou sofrer
por pensar seu ventre
na real, eu que enfrente
o que me tinha por gente
e ouvimos nosso orgulho
morrer-se em um mergulho,
agora engole seco, barulho.
Quais são meus direitos?
Há dois, lado esquerdo,
e maluco meu peito,
ao me ver lhe perder
você vai ser livre
do amor que fizemos
e pesa-lhe o ventre
passarão os anos,
nosso olhar calado,
cúmplice, saturado,
nunca fiz lhe prender.
Eu só queria o seu lado
se estivesse acordado.
sábado, 31 de julho de 2010
À mãe de meu filho
Mãe de meu filho,
Portadora do investimento sagrado tão desnecessário para ti, o que não queres de mim é toda a minha angústia de te ver me sobrando pelo ventre e estás na tua razão fútil e me apequeno inútil. Não sei porque te quero tanto, mas só me fizeste tanto querer mesmo tanto não me querendo. Só o que já havia aí dentro, de um modo que me enganei e nem sei o que quero. Amei, mas não permitiste esquecer do único jeito que eu sabia esquecer as pessoas sagradas. Quanto não pediste, amada minha. Agora Inês é morta, a velocidade do amor não me importa e trocara tempos verbais, fizesse alguma lambança na tua sentença.
Construísse uma amizade sem jeito, tão desnecessário? Isso que chamas de ideário, de romantismo das coisas que li, dos erros que entendi, talvez de tudo que temos de tão diferentes em ti. Deste filho que seremos desafiando meus amores em todos os vetores e como serei quando aceitar que aquilo que só tive tão pouco e que além vive e que tenho algum mérito crescendo-te meu espírito. Tu passas por tudo isso sem querer me explicar como é ter alguém também eu aí dentro de ti; como se não fosse comigo, a querer ser pai de meu filho.
Portadora do investimento sagrado tão desnecessário para ti, o que não queres de mim é toda a minha angústia de te ver me sobrando pelo ventre e estás na tua razão fútil e me apequeno inútil. Não sei porque te quero tanto, mas só me fizeste tanto querer mesmo tanto não me querendo. Só o que já havia aí dentro, de um modo que me enganei e nem sei o que quero. Amei, mas não permitiste esquecer do único jeito que eu sabia esquecer as pessoas sagradas. Quanto não pediste, amada minha. Agora Inês é morta, a velocidade do amor não me importa e trocara tempos verbais, fizesse alguma lambança na tua sentença.
Construísse uma amizade sem jeito, tão desnecessário? Isso que chamas de ideário, de romantismo das coisas que li, dos erros que entendi, talvez de tudo que temos de tão diferentes em ti. Deste filho que seremos desafiando meus amores em todos os vetores e como serei quando aceitar que aquilo que só tive tão pouco e que além vive e que tenho algum mérito crescendo-te meu espírito. Tu passas por tudo isso sem querer me explicar como é ter alguém também eu aí dentro de ti; como se não fosse comigo, a querer ser pai de meu filho.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Come as you are
Kurt Cobain, David Grohl, Krist Novoselic
Come as you are, as you were, as I want you to be.
As a friend, as a friend, as an old Enemy.
Take your time, hurry up, choice is yours, don't be late.
Take a rest, as a friend, as an old memory.
Memory ah, Memory ah, Memory ah.
Come doused in Mud, soaked in Bleach, as I want you to be.
As a trend, as a friend, as an old Memory ahhh.
Memory ahh, Memory ahh, Memory ahh.
And I swear that I don't have a gun
No, I don't have a gun
No, I don't have a gun
Memory ahh, Memory ahh, Memory ahh, Memory ahh. (Don't have a Gun.)
And I swear that I don't have a gun
No, I don't have a gun
No, I don't have a gun
No, I don't have a gun
No, I don't have a gun
(Memory ahh, Memory ahh)
Come as you are, as you were, as I want you to be.
As a friend, as a friend, as an old Enemy.
Take your time, hurry up, choice is yours, don't be late.
Take a rest, as a friend, as an old memory.
Memory ah, Memory ah, Memory ah.
Come doused in Mud, soaked in Bleach, as I want you to be.
As a trend, as a friend, as an old Memory ahhh.
Memory ahh, Memory ahh, Memory ahh.
And I swear that I don't have a gun
No, I don't have a gun
No, I don't have a gun
Memory ahh, Memory ahh, Memory ahh, Memory ahh. (Don't have a Gun.)
And I swear that I don't have a gun
No, I don't have a gun
No, I don't have a gun
No, I don't have a gun
No, I don't have a gun
(Memory ahh, Memory ahh)
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Branco Luto
Foi-se assim o último dos sonhos,
Contar sílabas em outros quartetos
Ao ver que o desejo é mesmo tão bruto
Sem rima e rumo com a realidade.
O amor só é concreto na nossa cabeça...
Ideal naquilo que lhe faz natureza
Fosse bruta uma figura de beleza
Fosse real uma hipérbole, leveza.
Menos metáfora, foi real bruto.
Morreu o sonho e não era pesadelo.
A poesia estranha, em branco luto,
ao cortejo dos sonhos de infância.
Com violência acabou-se o arcabouço
de metáforas, flores e mágicas
De todas aleg(o)rias possíveis
Desistiu-se de esforço no esboço.
Apagou-se tudo em desgosto
Não se levou nem um pesar...
E a vida real em seu rosto,
Esmero métrico puro, duro ofício...
De plantar flores onde não há jardim.
Tal o cristal é flor do sal,
Odeio versos assim por vício,
Também o amor é flor da dor.
A água, sempre incosciente poesia,
Evapora em outra tempestade
Carga negativa, carga positiva,
Raio que parte em metade viva.
Por enquanto vou vivendo...
Desperto por respeito e ética,
Fazendo por obrigação poética
o que extinto sonhou prazer.
Alguém aí vai precisar de mim?
Eu agora não preciso mais...
Então por favor, me deixa,
Esgoto a sonhar amanhã: zarpai.
Contar sílabas em outros quartetos
Ao ver que o desejo é mesmo tão bruto
Sem rima e rumo com a realidade.
O amor só é concreto na nossa cabeça...
Ideal naquilo que lhe faz natureza
Fosse bruta uma figura de beleza
Fosse real uma hipérbole, leveza.
Menos metáfora, foi real bruto.
Morreu o sonho e não era pesadelo.
A poesia estranha, em branco luto,
ao cortejo dos sonhos de infância.
Com violência acabou-se o arcabouço
de metáforas, flores e mágicas
De todas aleg(o)rias possíveis
Desistiu-se de esforço no esboço.
Apagou-se tudo em desgosto
Não se levou nem um pesar...
E a vida real em seu rosto,
Esmero métrico puro, duro ofício...
De plantar flores onde não há jardim.
Tal o cristal é flor do sal,
Odeio versos assim por vício,
Também o amor é flor da dor.
A água, sempre incosciente poesia,
Evapora em outra tempestade
Carga negativa, carga positiva,
Raio que parte em metade viva.
Por enquanto vou vivendo...
Desperto por respeito e ética,
Fazendo por obrigação poética
o que extinto sonhou prazer.
Alguém aí vai precisar de mim?
Eu agora não preciso mais...
Então por favor, me deixa,
Esgoto a sonhar amanhã: zarpai.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
O Poeta e a Atriz
Tua beleza não é só minha,
Nem estarias bela sozinha...
Em mim está toda tua poesia,
É meu o teu drama, carma, azia.
Meu é o olhar que te assusta,
Suspende-te bela e desarma...
Minha a tentativa contemplativa
De beleza com tua víscera natureza.
De tecer mulheres que desejo
Minha poesia já era uma coleção.
Era uma porção de fracassos,
De parcos, profundos amassos.
Curia de vincos e vínculos...
E só te amaria em versos,
Numa vã tentativa estética,
Passaria-os leves, sobremersos.
Mas te amo por dentro, pesado,
pelas entranhas, pelo plexo,
Teço-te em um amor complexo
por tua parte minha em anexo,
te amo pelo phalo, pelo sexo.
Aplico uma tal auto-ética
Que teus princípios escassos,
Em meio a tanta poética,
Beleza e amor, não dê em espaços.
Em vazios vagos, em vácuos,
no palco do preço do talco.
À coxia digo-te: merda!
Tua barriga jazz, corrói,
Abraços, timbres de atriz...
Tu és bela que dói...
Tu és minha castração,
Tu és minha cicatriz.
Nem estarias bela sozinha...
Em mim está toda tua poesia,
É meu o teu drama, carma, azia.
Meu é o olhar que te assusta,
Suspende-te bela e desarma...
Minha a tentativa contemplativa
De beleza com tua víscera natureza.
De tecer mulheres que desejo
Minha poesia já era uma coleção.
Era uma porção de fracassos,
De parcos, profundos amassos.
Curia de vincos e vínculos...
E só te amaria em versos,
Numa vã tentativa estética,
Passaria-os leves, sobremersos.
Mas te amo por dentro, pesado,
pelas entranhas, pelo plexo,
Teço-te em um amor complexo
por tua parte minha em anexo,
te amo pelo phalo, pelo sexo.
Aplico uma tal auto-ética
Que teus princípios escassos,
Em meio a tanta poética,
Beleza e amor, não dê em espaços.
Em vazios vagos, em vácuos,
no palco do preço do talco.
À coxia digo-te: merda!
Tua barriga jazz, corrói,
Abraços, timbres de atriz...
Tu és bela que dói...
Tu és minha castração,
Tu és minha cicatriz.
terça-feira, 6 de julho de 2010
Expedição
Segui em frente com coragem
Sem negar um só instante
Coerente com a bagagem
Que foi rodando na estante.
Desespero ou esperança,
Segurança ou um credo
Durmir tarde é fácil,
difícil é acordar cedo.
Coloco-me no horizonte
Uma viagem, meio selva,
De surpresas na constante
E natureza me desbravo
Em terçãs alucinantes.
Onde cerro era um campo,
A rosa ataca-me, depravo,
Com peçonha de serpente.
Fez-me amor paralisado,
Uma refeição ainda quente,
Se perder morto por medo,
Abandonado após o bote.
Despedaçados a entulho...
Pisos, tetos, de repente,
Bravo feriu, furou de acúleo,
A rosa fugiu a fazer gente.
Sem negar um só instante
Coerente com a bagagem
Que foi rodando na estante.
Desespero ou esperança,
Segurança ou um credo
Durmir tarde é fácil,
difícil é acordar cedo.
Coloco-me no horizonte
Uma viagem, meio selva,
De surpresas na constante
E natureza me desbravo
Em terçãs alucinantes.
Onde cerro era um campo,
A rosa ataca-me, depravo,
Com peçonha de serpente.
Fez-me amor paralisado,
Uma refeição ainda quente,
Se perder morto por medo,
Abandonado após o bote.
Despedaçados a entulho...
Pisos, tetos, de repente,
Bravo feriu, furou de acúleo,
A rosa fugiu a fazer gente.
O quereres
Caetano Veloso
Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão
Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói
Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock’n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus
O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim
Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão
Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói
Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock’n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus
O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim
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