sábado, 22 de maio de 2010

Movimento dos boêmios

Compreender tua escolha
é compreender minha falta
e aí vem o medo de não
lutar nada objetivo na vida,
além de mais subsistência
no movimento dos boêmios
pois para estas energias
tão novas temo já não ter ralo
até o fim do teu inverno seco.

Como encontrar esta resposta
aqui dentro? Agora só,
se vê uma cicatriz exposta
que a poeira no pé com a enxada,
de vermelha encardiu
e ferida, coagulou calóide
anestesiada pelo álcool.

E o meu amor então?...
Te digo que tens todo o direito
de não aceitar, incredular...
Mas não sei como deixar de te oferecer,
pois será para sempre o meu melhor.

Pois boêmio não é rico, é fértil.
Fosse rico saberia a hora de plantar,
precisaria a hora de colher o seu amor com lucro,
em qualquer terra que escolhesse investir.

Boêmio embasbacado se espalha ao vento,
e imagina com um porre que a terra descuidada não tem dono...
depois, enterrado, brota-se de uma boa tempestade,
cresce caprichoso, em terra devo-luta e nutritiva
para ser frondoso e fazer sombra de majestade viva.

Queria ficar vendo a vida por dias...
só a crescer o fruto que te instalei
ao me aspergir uti possidetis
nesta luta do movimento dos boêmios solitários.

Afinal, o teu corpo rocei latifúndio
inteiramente feliz à luz venusiana.

Mas foste logo construindo uma muralha
e proibiu a entrada de ideia,
me vi só, um lavrador bem e mal-aventurado...
e foste logo jogando café fervente
no meu exército quixotesco que apareceu
a todo custo bradando: - Dulcineia!
Quero ver crescer o amor que te plantei!!!

Do jeito que consegues,
mas tu concebes minha semente.

Nossa espécie exótica aquiescente,
em ti arma um castelo resistente.
Arma-se até as pontas dos dentes.
Assim nosso tesouro selvagem,
já se gera em teu cativeiro.
Cresce fruto de um desejo mais secreto
que se realiza consequente
e logo mais não caberá em teu domínio.

Não mais estiva a ironia biológica...
No fundo mais quero, e aguardo, e confio
em teus neurônios e hormônios,
professo fé num amor pós-contemporâneo
com a paciência de quem agora espera
pois só assim temos a ganhar
e adubado com cerveja
um futuro dia também gérmen
em outra terra tão boa
quanto a tua, formosa, desbunda.

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