quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Poeta e a Atriz

Tua beleza não é só minha,
Nem estarias bela sozinha...
Em mim está toda tua poesia,
É meu o teu drama, carma, azia.
Meu é o olhar que te assusta,
Suspende-te bela e desarma...
Minha a tentativa contemplativa
De beleza com tua víscera natureza.

De tecer mulheres que desejo
Minha poesia já era uma coleção.
Era uma porção de fracassos,
De parcos, profundos amassos.
Curia de vincos e vínculos...
E só te amaria em versos,
Numa vã tentativa estética,
Passaria-os leves, sobremersos.

Mas te amo por dentro, pesado,
pelas entranhas, pelo plexo,
Teço-te em um amor complexo
por tua parte minha em anexo,
te amo pelo phalo, pelo sexo.

Aplico uma tal auto-ética
Que teus princípios escassos,
Em meio a tanta poética,
Beleza e amor, não dê em espaços.
Em vazios vagos, em vácuos,
no palco do preço do talco.

À coxia digo-te: merda!
Tua barriga jazz, corrói,
Abraços, timbres de atriz...
Tu és bela que dói...
Tu és minha castração,
Tu és minha cicatriz.

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