segunda-feira, 22 de março de 2010

Ego

Eu sou aquele cara por quem
decidiste não tomar a pílula
do dia seguinte.
O pai do teu filho, e só.
A impossibilidade da tua solidão.

Estou em ti sem camisinha,
São José da tua palavra,
feliz dor, obliteração.
Somos nós no teu ventre,
a primeira pessoa
do nosso plural inconsciente.
És a mãe do meu filho,
tão crua tanto a tua biologia.

E haja sushi
na nossa refeição!
Eu! Meu também teu phalo,
deusa minha, da nossa reprodução.

Tu! Que esquartejava sapos
até que um deles quedou pai...
seria nossa falta em terapia?
Minha dramaturgia é cruééél:
aquela manhã quando te deixei
no metrô me sentia
completamente feliz!

Mas tristeza não tem fim,
felicidade sim...
a felicidade é rara
e quando completa, zera.
Meus nervos repuxam todos
sem saber o que fazer
quando nada mais pode
ser feito para ti:
te fiz mãe tanto quanto
me fizeste pai!

Se te sentes triste
por me ver triste
é porque por enquanto
tem metade de mim
aí dentro de ti
que não é leve não.

mas não tem pena ou senão...
pois é grande o coração
e pode deixar que eu junto
sozinho e conserto
não por ti, mas pelo feto,
agora só o que quero
é te ver sorrindo
naquela parte nossa
que ainda não tem ego.

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